quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Um conto sobre um beijo vazio



Cristiano sempre foi um cara tranquilo em relação a ficar por ficar, sempre gostou de namorar, de cuidar de quem estava e a fidelidade é um marco em sua vida. A única vez que saiu da linha, foi em uma despedida de um namoro, um revival depois de um namoro que acabou meio sem sentido... E mesmo assim sentiu-se culpado por isso, tanto que guarda o segredo com ele debaixo de 7 chaves!
Desde que terminou o seu último namoro, estava completamente sozinho e as criticas e perguntas o rondavam sempre que estava com seus amigos:
- Cara, como você consegue? Quer virar padre depois de velho? Um monte de garotas interessantes aí e você sozinho?
- Você não entende... Eu não quero ficar só pra vir aqui contar isso para vocês! Quero uma coisa de verdade, mesmo que seja uma ficada, que seja com alguém que eu ache interessante em algum aspecto! Me deixem em paz. - Esbravejava Cristiano, já irritado com as cobranças.

Acontece que, Flávia, uma menina que havia conhecido a bastante tempo, sempre estava procurando por ele na época que ele estava namorando. Ele se aproximou dela, certa vez que o namoro entrou em crise, mas era apenas para conversar mesmo, ele não tinha outras intenções com ela... Nesse período, ela chegou a dar um "beijo roubado" nele, o que deixou assustado por ela saber que ele era apaixonado pela namorada e mesmo assim ela insistia. Era como se estivesse se contentando com migalhas e se aproveitando de um momento que ele estava frágil.

Para evitar problemas, ele se afastou de Flávia por um bom tempo. Porém, quando ela soube que ele estava solteiro, voltou a atacá-lo com mil ligações, SMS's e convites para sair. 
Na primeira saída, ela agiu mesmo como amiga. Falou do trabalho, da vida, de um rolo que estava tendo... A conversa foi agradável e sem nada além do que conversa.

Duas semanas depois, mais uma vez ela apareceu para fazer um novo convite:
- Passa aqui em meu escritório e daqui nos vamos para algum barzinho. Estou precisando conversar... - Disse ela ao amigo, que não viu problema nenhum em ir conversar em plena quarta-feira.
- Que bom que veio! Entra aqui, só vou mandar um email e já vamos! 
- Seu escritório é bem legal, bem decorado, bem arejado... - Dizia Cristiano, olhando os quadros na parede.
- Que bom que gostou, eu mesma escolhi tudo aqui!
- Você tem bom gosto... Esse quadro aqui não é do... - Ele foi interrompido por um mega beijo de Flávia.
Meio sem saber o que fazer, correspondeu o beijo ao mesmo tempo que tentava entender como ela havia chegado tão perto dele sem que ele percebesse. 
As mãos dele, procuravam abraçar Flávia, mas a cabeça dele ainda estava pensando na situação inusitada e quando finalmente ele conseguiu abraça-la... ela se afastou brutalmente.
- Então... gostou mesmo daqui? - Indagou ela como se nada tivesse acontecido.
- Gostei, sim. Muito legal... Então, o que vamos fazer?
- Acho que vou pra casa, estou cansada.
- Peraí... não íamos sair, você não queria conversar?
- Na verdade, queria te ver...Mas, ainda estou apaixonada pelo meu ex.

Cristiano, assustado e surpreso apenas bota pra fora o que já havia concluído:
- Então, é isso? Eu venho, você me beija e pronto?
- Isso... o que você quer?
- Eu vim aqui na maior inocência conversar... você que me atacou!
- Sim, eu queria, mas não consigo!
- E quem disse que eu queria?! Já que estamos aqui a sós, eu deveria te atacar?!

Percebendo que já estava sendo grosso, resolveu encurtar a conversa e concordou que cada um deveria ir para suas respetivas casas.
Saiu pensando que poderia ter sido diferente: "Será que ela queria que eu insistisse em ficar com ela? Será que devo voltar e tentar? Será que podemos dar certo?"
Mas logo percebeu que, se aquele beijo foi vazio, todo o resto também seria. Comprou um sorvete, o qual estava muito mais gostoso do que o beijo e foi pra casa, ver jogo pela TV.

Mary Jane

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