E depois de ganhar de presente palavras amargas logo pela manhã, confesso que fiquei meio baratinada e sem conseguir me concentrar em meu trabalho. Precisava pensar, fazer análises, tomar decisões... coisas que faço todos os dias no trabalho. Tem todo café que tomei, me fez concentrar ali, naquele mar de responsabilidades que mergulho todos os dias.
Eis que o telefone toca e eu até me assusto ao perceber quem é... "Estou indo a um médico perto de seu trabalho... Vamos almoçar?"
Enquanto fazia perguntas pra ganhar tempo, pensei bem se iria ou não e a conclusão foi: "Sim, vamos. Aonde te encontro?"
10 minutos depois, seu carro estava parado na minha frente. Entrei, olhei pra você e senti alivio de conseguirmos estar ali, conversando numa boa, sem ressentimentos ou lembranças turvas de um passado já bem distante. Sentamos pra comer, o papo fluiu e eu que estava precisando de alguém pra tentar conversar/desabafar, estava de frente para um alguém precisando mais do que eu de conversar e desabafar. Fui seguindo a regra de deixar a pessoa falar, concordando com a cabeça, rindo junto com você e logo a aparência tensa sumiu.
Em deteminado momento, percebi como você está diferente e igual ao mesmo tempo. A vida tá complicada, as situações já não são as complicações da adolescencia... Mas o jeito de sorrir e fechar os olhos ainda é o mesmo, assim como o olhar firme e convicto que tem quando possui a palavra. Antes eu não conseguia te olhar assim, não conseguia te encarar e hoje foi a prova viva que o passado realmente ficou lá no passado e o presente, se faz presente em todos os momentos.
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